sábado, 31 de outubro de 2009

Já teve dias em que quis me aparecer,
E dias em que desejei nem ser notada.

É quando me levantam a mão que eu penso:
Como queria ser amada!

domingo, 13 de setembro de 2009

"Mas e se..."


Como as coisas mudam, não? Quando eu era pequena, a primeira coisa que eu salvaria da minha casa, se ela pegasse fogo, eram os meus papéis de carta. Eu até os deixava separadinhos, em lugar sempre visível, com medo de que virassem carvão. Que inocência...
Hoje, acho que eu me contentaria com minha bolsa.
Queria entender o porquê desses devaneios. Não seria melhor se deixássemos simplesmente que as coisas acontecessem, ao invés de ficarmos criando e cultivando milhares de situações hipotéticas? “O que você faria se ganhasse um milhão na Loteria?”; essa é clássica! TODO MUNDO já se perguntou E perguntou isso alguma vez na vida a alguém. Mas por quê? O que te acrescenta viver uma realidade que não é sua? Sonhar é bom, mas com coisas plausíveis, por favor.
“-- Escreve pro Luciano Huck” – diz minha vó.
-- Pra quê?
“-- Ah, pra ele fazer uma casa nova pra gente! Passa um MAIL pra ele aí, não dá?!”
“-- Isso Amorzinho da tia, escreve, escreve, escreve!”
Não-preferível, mas necessário: Acho melhor eu me contentar com o que tenho e vivo no momento. Preguiça não; medo de mudar!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Voodoo Doll.


Passava das duas da tarde e eu estava pronta, feito moçinha que sou, para a minha primeira sessão de tortura cutânea. A primeira ida à esteticista causara uma certa expectativa, ruim, é claro. Mas já que eu estava lá resolvi dar a cara para bater, quase que literalmente.
A tradicional maca preta já estava à minha espera assim que subi um semi-infinito lance de degraus, que separava o consultório da sala de estética. “Oi, pode ficar à vontade” – disse ela. Por uma fração de segundo quase ri, imaginando que tipo de energúmeno fica à vontade em uma sessão de limpeza de pele, mas resolvi dizer apenas um obrigada e ficar na minha, sem perguntas, p’ra que acabasse o mais rápido possível. Ela fazia o tipo top model – intelectual – narcisista: corpinho enxuto, cabelo preso em rabo de cavalo, e grandes olhos castanhos por baixo de um óculos preto de aro fino, com fotos de si mesma em várias poses diferentes espalhadas pela sala.
Começou. O primeiro eleito foi um gel refrescante, até aí, tudo bem. Em seguida, ela passou um creme com cheiro de erva doce, gostoso, mas nauseante. Com o medo que tenho, ainda sim preferiria vomitar mil vezes do que sentir a dor que veio em seguida. Nada delicadamente, a aspirante a manequim começou a perfurar o meu rostinho de porcelana com um alfinete, desses de costura, e espremer em seguida, sem a menor dó, nem bom senso. Será que uma pessoa assim não pensa nas conseqüências? Alô-ou, eu tenho vida social querida! Ela não sabia, mas a última coisa que eu queria, era sair dali com a pele toda machucada.
O mais engraçado é que quando minha tia me deixou no consultório, ela perguntou quanto tempo demoraria em média, e eu respondi que uma hora e meia seria o suficiente pra acabar. Pois bem, lá estava eu há mais de duas horas, repousando com uma pasta de cheiro muito suspeito e cor branca, que só descobria meus olhos e boca.
Honestamente, não sei o que doeu mais, se as prensas dadas na minha testa, ou os cem reais pagos a secretária pelas suaves marcas deixadas na bonequinha de voodoo aqui.
Afinal, qual a vantagem de uma pele ‘limpa’, mas machucada? Bem, tenho mais duas sessões para me acostumar, ou me conformar.


O que tranquiliza a minha inocência: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090430070913AAczwOM

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Bauru.

Sabe aqueles dias em que você acorda às três da tarde, mas só levanta as seis? Hoje não foi um desses abençoados dias. Viagem de família marcada, baita programão (de índio), com destino a Bauru. Schedule? Passeio no shopping com verba limitada e visita aos parentes; diversão garantida, ao menos aos sem ambição.
Fui consciente de que seria uma merda; uma hora e meia de estrada para absoltamente, NADA que valesse a pena. Estava certa.
Porém, minha companhia havia sido exigida sob o argumento de que saio 24/7 week com as minhas amigas, e meus progenitores e afins tem que se contentar apenas com o almoço dominical, outro maravilhosíssimo programa de família, diga-se de passagem.
Sorte a minha que sou uma boa atriz, pois o passeio exigiu algumas performances de momentos de intensa epifania, como dirigir sem ultrapassar os 100 km/hora e fazer uma viagem de uma hora e meia durar duas.
Por um milagre, fui poupada de participar da tradicional, entediante, e interminável reunião de anciões que se daria na casa dos tais parentes, como é de costume, (esse negócio de falsos elogios, e comentários desnecessários sobre a aparência física alheia nunca foi pra mim), então rumei ao shopping acompanhada das outras passageiras: minha mãe, tia e avó.
Tamanha a larica, decidimos unanimemente, que antes de ver as lojas e os estandes, iríamos comer. Terceiro e último andar: a predominância de lojas de fast food e churrascarias me fez sentir que talvez passaria fome. Impressionante como dá p’ra por carne em uma comida vegetariana e fazer com que ela ainda pareça vegetariana aos olhos da minha vó. Tudo bem que perguntas do tipo “Mas você não come nem peixe?” são sempre freqüentes, como se peixe fosse um tipo de derivação animal, tal ovo e leite, mas ela já deveria estar acostumada, afinal são mais de dez anos nessa vida.
Acabei apelando às batatas fritas e couve-flor empanada, e um arroz meio suspeito, dito “cozido com nozes”. Pra beber, Coca-Cola Zero, com gelo e limão, por favor. De sobremesa, pedi um mousse de chocolates branco e preto, que parecia neve, (esse foi o motivo pelo qual a viagem valeu a pena), e o comi enquanto minha tia e avó iam à cúpula senil.
Sei lá quantas horas depois, ambas voltam com uma cara de “finalmente, shopping!”, contradizendo o meu pressentimento de que iríamos embora tão já elas chegassem.
É... Mais de meia hora depois, estávamos no carro de novo. A companhia agora era melhor, bolinhas de chocolate com recheio de conhaque compradas a R$6,90 cada 100 gramas (não, não eram ouro.), foram acrescidas ao monotonismo. A música não podia ser escolhida, porque a cada trepidação o cabo do celular se desconectava da entrada USB do som, e desligava tudo. Ia durar pra sempre, até que ele chegou: o sono.
Felizmente, dormi o caminho todo de volta.
Fiquei pensando porque esse tipo de reunião deixa minha tia e avó tão felizes... Bem, cada uma por um motivo diferente, conclui. Minha vó porque basicamente a visitada é irmã dela, mas minha tia é um caso bem mais complicado.
Desde pequena a infeliz é frustrada por alguma coisa. A fragilidade da sua saúde, fez que ela fosse bem mais mimada por não poder brincar e brigar como as outras crianças. Ela cresceu, e a preferência de minha avó por ela só fez aumentar, deixando minha mãe de lado. Minha tia fez faculdade, minha mãe trabalhou. Minha mãe se casou, minha tia permaneceu solteira. Minha mãe teve uma filha (eu!), minha tia nem namorado tem. Muito menos amigos... É, com que o que ela iria se preocupar, se não com a vida dos outros? Ela vê a dela passar, todo dia em casa, e não faz nada para que isso mude. Não sei como isso é possível, se ela é jovem e bonita.
Cada um "desperdiça" a vida de um jeito; uns bebendo, outros dormindo, alguns trabalhando, e enfim os que falam da vida destes. Eu me encaixo na segunda categoria, se me deixarem, durmo o dia todo, mas só deus, se é que há algum, sabe o quanto me sinto culpada por isso.
A verdade é que tenho medo de crescer. Não sei se dou conta. Observo alguns amigos, eles fazem parecer tão fácil... Não creio ter essa capacidade. Tenho medo de trabalhar e estudar e não dar conta. Tudo que começo raramente termino; tinha muito mais determinação quando eu era pequena... Porque isso? Não sabia que essas coisas tinham prazo de validade. Acho que já está meio tarde para começar a ser diferente. SOCORRO.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Buddy Call.


Se ela fuma, é porque ela mete. Não há ninguém que fume regularmente que não faça sexo. Estranha associação, mas 100% verídica, ao menos no caso feminino. Como anda a sua vida sexual, afinal? Essa é uma boa pergunta.
Gostaria de saber até que ponto as mulheres sabem lidar com sexo casual. E gostaria do telefone dessas mulheres também. Não que eu tenha terceiras intenções, mas saibam que bissexualidade é a opção sexual do futuro.
Preciso aprender a não ficar na expectativa de que me liguem no dia seguinte, uma vez que todos com quem me relaciono são pobres a ponto de não ter créditos, nem dinheiro para cartão telefônico. Mas é fato que esses caras SEMPRE me surpreendem fazendo surgir, mesmo ao final do mês, uma verba, para a cerveja e o tabaco. Mágica? AHHHH, por favor!!! Já passei da idade de acreditar em virgens e coelhinho da Páscoa... Rezaria para nascer tubarão se a Fada dos Dentes existisse. Depois que descobri a verdade sobre a não-existência de Papai Noel, nada mais me surpreende. Bem, talvez o Robert Pattinson. E o cartão da Riachuelo, sempre com fundos.
21 anos e dois dias... Como estou me sentindo? Com gripe suína. Desculpe, Influenza.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Contagem regressiva.


Primeiro dia de inverno. Ironicamente, o mais quente das últimas semanas... A principio pensei que tudo daria mesmo certo por obra do acaso, mas como de costume, algo tem que surgir para tornar tudo mais recompensador ao final, ou seja, para piorar as coisas.
Festa marcada para o sábado, e minha única compania até agora é uma dor de garganta surgida sem aviso-prévio. É... Depois de 10 anos, quem diria, vou deixar de colecionar aniversários monótonos e evitados. Substituindo coincidentemente a minha falta de debutância aos 15, comprei um tomara-que-caia de cetim preto, e um casaco da mesma cor para fazer um composê.
Só falta o sapato...
Mentira. Falta a presença dele. Um não-sei-quem tão esperado. Eu queria que fosse você, mas por tua vontade nada se tornou possível. Agora tento te substituir, sem sucesso. Invento nomes e rostos, cheiros e jeitos para tampar o buraco que você deixou ao sair do meu peito.
Não entendo porque ainda faz questão de se lembrar... Se valeu tanto a pena assim pra você, porque permitiu que acabasse? O entrosamento se esvaiu. Somos completos estranhos agora. Me diz: o que faço com as memórias que restaram? Devo mudar minha opinião a seu respeito, levando em conta sua enigmática conduta e seus meios discursos?
Desculpas pelo quê? Por quê? Acho que meu raciocínio está aquém de suas teorias e suposições. Não sou como você prevê, não sou dessas afinal...
Dê-me uma chance de dizer o que realmente penso, sem pensamentos pré-fabricados, e sem platéia. O que custa terminar como começou? Cômodo para você desaparecer da mesma forma que surgiu: do nada. Onde está sua coragem? Onde está o respeito que você me deve?
Seria um ótimo presente neste aniversário. Se desculpar não é uma arte.
Você não vai para o céu.

terça-feira, 9 de junho de 2009

"O céu sabe que sou um miserável"


Vi suas marcas impressas na minha tela de plasma. Eu: Qual o sentido disso tudo?
A bagunça no quarto não me incomodava, mas queria que algo fosse dito a fim de quebrar o silêncio semanal que parecia durar uma era.
No fundo sentia que dos três residentes ali, ele era o único que valia pena.
Expectativas desconfirmadas na primeira e última troca de olhares da noite. Eu: Oi.
Ele: Oi - e um movimento abrupto para que lhe fosse beijada a face.
Me redimo e saio, acompanhada por milhares de interrogações.
Observa-me de relance, porém, não há ação.
Carinhos trocados em vão, pensava. - dias a fio; parei de esperar.
Um telefonema.
Era a amiga apressada:
- Você viu?
Título vermelho-sangue: "Contra o totalitarismo, mestre Zappa!". Uma estória não inédita em 35 linhas, contada sem propósito definido.
Eu: Acabou?
Reticências.